sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Caneta e Papel .


Aula de produção de texto.
Assunto: tópico frasal.





Olho para o lado e vejo alguns colegas concentrados na atividade. Logo foco minha atenção em uma menina. Quarta fileira, terceira carteira. Começo então a observar com mais atenção. Seus olhos atentos no papel, comprimidos buscando se concentrar. Logo, se formam rodinhas de conversa, mas nada capaz de distraí-la. Mexia a mão compulsivamente, balançando a lapiseira rosa de um lado pro outro. Mais rápida, porém, menos marcante que o pêndulo de um relógio. Parecia tentar buscar palavras que se encaixassem em seu texto. Presa em sua mente. Alienada do restante do barulho que a sala, incessavelmente, fazia. Logo se desfez: começou a olhar para o chão da sala, e o tênis de uma amiga chama sua atenção. Nesse instante, todo pensamento se esvaiu. Seu foco mudou. As cores do calçado da colega tomaram conta. Solta um cometário, e subitamente uma conversa se inicia. Quando as falas acabam, a menina volta a tentar se focar em sua tarefa. Parece ser mais difícil agora que seu ouvido se atenta para escutar o que as outras pessoas falam e falam, cada vez mais alto. Concorda, comenta, ri, nega. Mais um diálogo havia sido formado. Quando percebe novamente que deveria voltar a escrever, faz um esforço aparentemente maior. Dá uma relida do que já escreveu mexendo seus lábios, tentando ignorar as outras vozes que sondavam seu cérebro. Sua missão agora era terminar seu texto. Escreveu cerca de quatro palavras. Parou. Escreveu mais cinco. Apagou duas. Escreveu uma longa frase. Apagou a última palavra. Provavelmente algum erro ortográfico. Tentava ajeitar as palavras que pensava de forma que fizessem sentido estando juntas. Balançava o pé, passava as mãos pelos braços tentando se proteger do frio, mordia os lábios, piscava longamente. O sono ia tomando conta do seu ser. Mais alguns rabiscos e coloca seu lápis na carteira. Cruza as pernas. Estará terminado? Relê mais uma última vez pra ver se seu parágrafo cumpre com as exigências da professora. Parece que sim. Parece que conseguiu alcançar seu objetivo. E agora? Simplesmente continua com sua vida. Guarda o lápis e a caneta no estojo em cima da carteira. Logo depois, o sinal bate e todos saem apressadamente da sala. Passam na sua frente, ela passa na frente dos outros. De repente, a perco de vista. Agora, só segunda.